quarta-feira, novembro 25, 2015

soneto frio

que tanto tem de ter à força
com qualquer ideia superior?
que tanto caos e morte e dor
mareja os olhos, seca a boca.

que canto tácito em despedida
soa em silêncio ao vento frio?
que pranto paira sobre o vazio
deixando a alma meio perdida.

por tanto ódio e desesperança
ao deus que ampare a covardia,
deito meus versos de comunhão.

àqueles que sofrem - o perdão,
rogai pelos mortos de todo dia
por bem tardar essas vinganças.

terça-feira, novembro 03, 2015

tempinho para amar

se é de tempo que precisamos
quando ao tempo não nos damos,
vamos
entre um e outro plano,
em uns e outros planos
e enganos,
pelas horas que passamos,
pelos anos que desconfiamos...
e amamos, mesmo sem tempo!

curta metragem




uma imagem perdida sem explicação
cercada de sombras, de silêncios
um ruído no canto da tela
e o olhar pálido de uma vela
o vento, o vai de cá e de lá
fremir de luzes e trevas
outro ruído e o mesmo sorriso
a mesma mandíbula, o mesmo asco
o medo de ser verdade
de não ser um sonho e
aquela imagem no espelho
ser só uma ilusão mimada
de um suspense nascituro.