terça-feira, março 17, 2015

o poema







Estou escrevendo um poema
que diga o que eu quero,
que pense o que eu espero.
Que seja impossível,
talvez improvável,
mas que possua defeitos;
não é preciso ser perfeito
pois a perfeição é objeto de museu.
Nem quero que fique
esquecido no papel.

Quero amá-lo calmamente
Pois é preciso paciência para amar
E para acrescentar novas versões.
Um (auto)poema
Repleto de intenções.
Um poema fosforescente,
A reter teu escuro,
teu olhar indecente.

Estou escrevendo um poema
que não seja racional
pois o raciocínio permite o engano
e não desejo um poema enganoso.
Quero o poema certo na hora certa,
um poema eterno
que não seja cego como os que julgam;
ao homem o invisível!

Estou escrevendo
um poema indiscutível,
quero que indague sentidos,
que faça chorar
que faça sorrir
um coração,

simplesmente...

segunda-feira, março 16, 2015

poema de capa



                                                                                                           a Rogério









Na capa da poesia
podemos dizer o incontestável,
podemos ser fantasmas
de nossos próprios medos.
Podemos até querer o impossível
dentro de poucas palavras,

(o gesto mais nos importa!)

ou podemos resumir da vida
o inexplicável.


sexta-feira, março 13, 2015

B.B.B. 2015




Com quantos paus se faz uma canoa
para me ausentar desse 1984.
Eu que não tenho partido, 
eu que não sou amigo
do inexistente Goldstein,
tenho medo da censura de não ser
corruptível mesmo sendo trabalhador.
só por não ter partido e não ser traidor!

quarta-feira, março 04, 2015

meu nome é mulher

a Bárbara Ramos



Meu nome é Mulher, sem status de deusa,
distante, anos luz, do produto que me querem!
Meu nome é Mulher e danço com universo:
que para tantos é antimúsica!
Nada podem contra meu olhar: eu gero!
Do meu corpo nascem os sonhos!
Os filhos que me tomam as vestes,
que me desnaturalizam em imagens poluídas,
romperam de minhas entranhas mais límpidas!

Meu nome é Mulher, mas bem poderia ser Homem
que todos são de mim cria e imaginários!
Na busca de ser o que eu não entendo
tentei ser criadora e criatura, tentei ser fantasia,
tentei ser uma modelo da hipocrisia,
mas meu nome é mulher
e se inscreve com grafias absurdas.

Meu nome é Mulher, meu nome é Mãe,
meu nome qualquer é meu nome Minério:
tenho minha essência de cores,
todas as formas se projetam dos meus olhos,
todos os dias nascem da minha alma
e resistem ao canto da minha noite.

Meu nome é Mulher! Meu corpo é sagrado
com suas dobras e rugas e excessos e curvas
nunca acentuadas pela fragilidade da moda.
Meu nome é Mulher!
Meus pés não conhecem as fronteiras,
não conhecem as nações, não conhecem esses hinos.
A minha estrada segue de mim para o horizonte,
meu tempo não admite ausência.
Meu nome não é aparência.

Meu nome é mulher!
Mas podem chamar-me de Ventre!
Mas podem adorar-me Vida!