domingo, setembro 28, 2014

ninazinha







Ah, menina! Queu te pego e te conto o mundo!
Vês? Não era isso,
aqui, ali, lá, depois
do labirinto de tua cabeça, ninha?


Ah, menina! Queu te falo o fogo, a brasa!
O teu coração, não caberia
em tuas mãozinhas
de deslizar em nuvenzinhas!


Ah, menina! Queu te mostro um jeito de dar-te asinhas!
Danças a textura
do quinto dos mistérios
de amores alados na alma, ninha?


Ah, menina! Queu te sei, queu te sonho a vida!
Então me beijas inexata
num tremor e desvario
de segundos tão frágeis, ninazinha!    
Ah, menina!


sábado, setembro 13, 2014

adeus!



em memória de  Tião da Renda




Ao fim do tempo regulamentar de um jogo
do fim do tempo mesmo da vida,
um olhar matemático profetiza,
uma voz cansada, de um suspiro rouco,
denuncia quantos seres loucos
de paixão, paixão futebolística
estiveram naquela partida
com quanta alma, com quanto corpo.

Pedia a devida licença de algum número solto
e averbava o que dele depreendia
a renda expressa daquele dia,
como deduzira a renda de tantos outros.
E agora somente o lembrar qualquer mouco,
e ao tardar de cada narração uma estranheza
que daqui a frente o futebol perdeu e tão pouco
estas tardes de jogos serão as mesmas!