sábado, junho 29, 2013

laterais

jamais olharam para o lado.
o lado era, então, o desconhecido,
era o escuro,
era o vazio,
era o fluído.

não teimavam em volta,
procuravam o infinito,
discutiam a política no sartrismo
e o poder no oculto.

nada, ao lado, observaram
buscavam imortalizar o futuro:
fruto nascituro.

se o chão não encerra o equilíbrio,
o sonho não é morte prematura.
se o que vai a margem não importa à criatura
um dia algo sufoca:
uma carta, uma imagem, uma palavra...

é quando tentam mudar o foco
e já não adianta olhar para o lado.

sexta-feira, junho 28, 2013

erros do inverno

tarde e cinza:
a tarde é cinza
sem ventos, sem chuva que molhe
a moleira
do pisquila adormecido.

o tempo de horas caladas
batendo palmas
à tarde
tarde-cinza-calada,
sem ventos,
sem chuvas.

e se absorto
reluzir um sol,
um deus morto,
deus da tarde de arrebol.

se nuvens cobrem
o céu
como um qualquer imaginário
véu:
componho para mim um pôr-do-sol!

terça-feira, junho 11, 2013

Tangolices e outros neologismos

Já passei da idade de me irritar com críticas,
já não tenho mais ideologias que teimam o anonimato.

Não tenho nenhum prazo
nem motivos para adulações.
Adoro as críticas que detonam os escritos,
mas com critérios que me revelem correções.


Não me movo por provocações,
mas provocado redijo, hoje, com calma...

Já não tenho tempo para tanto,
eu escrevo por desapego,
eu escrevo por espanto,
eis que escrevo... um tango!