sábado, novembro 19, 2011

Olhar distante de antes

Tenho a sua idade,
descalço na rua de minha criança eu creio que crio.
Meu pai me olha de longe,
de longe a porta aberta e as janelas abertas e seus olhos abertos,
os olhos de meu pai,
de meu pai que está longe e seus olhos estão tão perto da minha volta
em tudo que envolve em minha criança.
Minha mãe chega mais perto e me traz pela mão:
"cresce pequeno, não há que faça dessas coisas de inventar imaginações."
Invento.
Não entendo muito dessas adultezas,
tenho sua idade...
acho que passos tenho tantos,
só que olhos,
aprendi,
não podem envelhecer!

sexta-feira, novembro 04, 2011

Trecho de um fim

Que me ouvisse sem desdém: uma palavra solta
ou no varal sem pregador
e eu não me importaria em ter alma
para entregar o corpo, meu corpo.
E que, então, me tocasse sem pedir o toque,
sem cobrar aquilo mesmo que não pode oferecer,
que considerasse alguém além do reflexo,
que vivesse a plena satisfação da vida
num sorriso pequenino,
de mãos pequeninas e dadas...
dadas à ternura humana!