quarta-feira, maio 27, 2009

Folhas são!

www.kboing.com.br





Não...
as folhas caem naturalmente
nas aguas do rio,
naveguam.
Enquanto as pedras fazem pose
de aranha, de objeto
no incurso
do descurso!

Não...
as folhas, marginais que são,
ao tempo, não
pedem explicação.
Quando fólha à correnteza
dos cuspis espumantes
nunca tem certeza!

Não...
as folhas têm outono
para se lançarem
secas.
Enquanto em quedas,
em desníveis
espraiem-se entre as metas:
natureza?

sábado, maio 23, 2009

um confissão, um e-mail

Querida Maria,

há muito não lhe teço qualquer alguma consideração. Posso lhe dar uma quase devida explicação: é por necessidade monográfica ou por não saber escrever, ao certo, corretamente. Acho que não tenho em mim a língua positiva, nem espero pelo "quinto império", segundo Padre Antonio Vieira. Estou faz duas páginas do mínimo exigido para o término de tal texto e não encontro uma saída. Eu sempre fui péssimo em compromissos, mormente nos precisos textuais acadêmicos, em que se forjam a competência e o espírito crítico e a desenvoltura de raciocínio linear. Acho que devo me assumir não competente, alguém que pensa em círculos. Um mestrado seria o cúmulo para meu desprendimento agora. Antes de tudo pesquisava tudo, com precisão, com devido cuidado ancestral, com presença tônica e lia, lia, lia. Hoje não leio: fragmento pensamentos. E a minha presença, tanto átona, quanto ambígua. Ai... saudade de suas aulas, das suas explicações de colocações pronominais. É-me necessário advertir que minha escrita é arcaica e meu egoísmo é imensurável: eu sei. Mas antes que eu mesmo me subtraia, há algumas gentes que não me salvariam de mim mesmo, nem da minha vã filosofia. A ideia não irá por diante, não hei de aproximar-me do ridículo da cobardia. Escreverei a esmo relatórios e pés de páginas, doutro jeito alguns sofismas e referências diversas. Contudo não acredito, essas grafias eram a ser uma mensagem de acolhida e vejam em que deu: uma confissão chata e atrevida!



Obs: Maria Regina, minha eterna professora de Morfossintaxe!

terça-feira, maio 19, 2009

Um poema Composto

Um dia pensei que era preciso
mais vozes soltas para se ter um poema,
era preciso um sonho de imaginar!
Pensei, então, em escrever um poema formiga:
pequeno, um poema como uma raiz,
que penetrasse dentro da terra.
Pensei em escrever um poema borboleta
(que, antes, fosse um poema lagarta)
com várias cores e que move suas asas com beleza,
um poema de diversa natureza.
Também pensei um poema pássaro
Com vôos rasantes e piruetas no ar,
mas ao imaginar um poema pássaro,
veio-me o gosto de um poema céu,
e do poema céu fluiu o imaginar do poema sol.
Mas quando pensei o meu poema sol,
lá de longe, veio alguns poemas nuvens
e o encobriram.
Pensei, então, num poema de vento,
que soprasse para longe aquelas formas,
mas imaginei um poema de chuva,
de gotas caídas do céu,
um poema líquido, um poema que lava,
um poema para depois secar.
Imaginei um poema arco-íris,
um poema colorido para depois das águas,
que viesse entre os poemas montanhas,
cheio de relevos e ondulações.
Também um poema como aquele,
De um poeta bem distante: o poema
Em linha reta.
Mas o poema mais bonito,
o poema que me inflama os olhos,
o poema que não diz, nem tateia,
é o poema sonho
que além do que imagino, existe!

segunda-feira, maio 11, 2009

Sobre teu coração, amor

foto:www.prahoje.com.br




Sobre teu coração
que bate acelerado
eu sou um homem
feliz e apaixonado.

E ouço tua respiração
e sinto o teu querer
e sobre teu coração
eu posso adormecer!

sexta-feira, maio 08, 2009

medo do outro

Eles têm medo do outro:
tanta igualdade,
pouca diferença.
Falam para calar,
para esconder
que não suportam escutar.
Medo!
Medo de serem descobertos
fracos como todos,
tentam ser fortes
pisando sonhos alheios.
Não se bastam
e não prestam à mudança.
Com olhos obtusos invejam
quem tem mãos,
quem move crenças
e decerto não viverão
(ou viverão à míngua de)
de tão medrosos!