quarta-feira, julho 30, 2008

depois de tua ligação...

Ontem eu quis
dormir contigo contido
em estado de concha
no mar dos teus braços!

segunda-feira, julho 28, 2008

Hoje: cores!


O dia tem cores de hoje:
azul ao céu e à minha camisa,
amarelo aos raios solares e aos meus sorrisos,
verde às praças do caminho e à árvore das minhas mãos,
laranja àquela flor despida e aos teus lábios em tom,
rosa à graça desse jardim e ao meu jardim,
preto aos meus medos, à desgraça do asfalto, à noite,
cinza à ganância e aos seus poluentes,
lilás ao meu olhar e ao teu olhar,
branco ao dia de hoje: cores!

! suspeita da poesia !

Eu não sei quantas vezes lhe fiz sorrir de verdade
e por isso não imagino quantas vezes lhe fiz chorar.
Eu não sei se alguma vez você desejou me encontrar,
nem se, realmente, eu estive em seus lugares.

Eu não sei se você teve algum sentimento por mim
e por isso não posso afirmar se nos encontramos.
Mas eu sei que um dia eu lhe encontrei assim
entre meus mais presentes achados e enganos.

Eu não sei quando isso aconteceu de acontecer.
Sei que por algum motivo eu me entreguei
àquele desejo de se entregar e de pertencer
à incompreensível suspeita que nunca sei.

sexta-feira, julho 25, 2008

"Nascer é inaugurar-se em perguntas."

a Bartolomeu Campos Queiroz


Sobre Pequenas Histórias
as mínimas frases
da imaginação,
um coração,
uma sinceridade de olhos,
uma boca em movimento,
palavras curtas,
sonoras,
outras resvalando
as pontas dos dedos!

quinta-feira, julho 24, 2008

.um olhar na noite.

Na curva da noite
esbarrei neste olhar desconhecido.
Oh deuses! Oh humanos meus cúmplices!
Entre mesas de madeira e acordes dissonantes
uma precipitação líquida turvando os passos.
Ela me conta de coisas esotéricas,
Ele me fala de figurações do dia-a-dia.
Quando se calam, se beijam!
Um outro caminho me leva
(são tantos que mesmo um romance)
um samba me leva, eu levo esse copo
da memória entre os dedos.
Um canto me leva ao canto,
eu levanto, entro, saio, volto...
A poesia me aporta um instante,
me apresenta um sorriso tão lindo,
humana como eu, que deve, entre um sonho e outro
comprometer-se com grafias da alma.
Na curva da noite, quiçá da madrugada
alguém me pergunta, estátua de pádua
parada na porta
- O que foi?
- Nada!
- Tenho em mim um estado embriagado!
- Enfim!
Proponho em mim um istmo de luxúria
nem céu, nem águas, nem pedras do meu caminho,
nem mesmo uma após outra dobra, nenhum tecido:
pois que na curva da noite
eu reconheci esse olhar!

quinta-feira, julho 17, 2008

O amor ( para o poeta que sempre me disse para amar acima de tudo! Não se esqueça, moço! )

O amor pede passagem entre as armas
e o cheiro de pólvora
como um pássaro, o amor teima um vôo
dentro da gaiola do céu.
O amor quer perdoar, quer ser amigo
quer dizer ao ódio que parta,
que deixe as portas abertas,
que desamarre os pulsos, que abrace.
O amor pretende fechar todas as feridas
e discursar sobre o presente.
O amor só pede que esqueça dele,
deixe que haja naturalmente o plano
de colorir os jardins,
pede para que esqueça do passado
e se concentre no horizonte.
O amor deixa uma última recomendação:
ame!



de minha amiga Ana Gontijo para mim!

deixando a fio

Há em mim um tecido,
um tecido fino que há algum tempo impregna os meus dias
com uma intensidade que é absurda.
Tentei arrancá-lo de mim:
não saiu nenhum pedaço.
Tentei cortá-lo em pedaços,
queimá-lo,tê-lo em cinzas,
bobagem: de nada adiantou.
Esse tecido é impermeável,
não deixa que sobre meu corpo avance
qualquer líquido futuro.
Cada vez que o tento retirar de mim,
mais me sufoca, mais me retira os movimentos.
Tenho dificuldades para escrever o mundo à minha volta,
cada volta do meu olhar se apruma em meus próprios limites
e esse tecido: deixei-me aprisionar!
A poesia é uma dor contínua:
o tecido não se apraz de minha escrita,
quer consumir tudo que eu fui e que ainda sou,
quer me levar ao limite do sofrimento,
quer me anular qualquer sentimento...
Mas eu sou neto de alfaiate:
descobri nesse tecido um fio solto
e espero que a cada dia eu consiga desfazer
as emendas, as ligaduras, os pontos.

quarta-feira, julho 16, 2008

... por que é quase lua cheia!

a Beta


Com que mãos não mais escrever
e com que boca fechar qualquer grito?
Não sei mais de ninguém!
Sei que eu nasci para o infinito!

Com que olhos não ver as luzes
e com que pulmões no reter o perfume?
Não sei mais do além!
Sei que vivi para o deslumbre!

Com que pensamento não mais viver
e com que razão desalma nua?
Não sei mais do aquém!
Sei que sonharei com a loucura!



obrigado!

segunda-feira, julho 14, 2008

Sem poesia eu me rendo!

Qualquer que seja o verso:
que seja em verso
ou prosa figurativa,
enovelada de sentidos dispersos.
Qualquer que seja a escola,
que seja tida em verso
do mais longínqüo ao mais eterno,
com as propriedades da loucura.
Qualquer que seja a estação:
sombria, iluminada, luzídia
traga o meu coração à mostra,
posto ao golpe humano.
Qualquer que seja a condição,
que traga estranheza e magia,
que seja ríspido e forte
com contrárias levezas e doçuras.
Qualquer que seja o verso
que seja poético extremamente,
que faça com o olhar um giro,
que interfira nas horas frias.
Qualquer que seja a palavra,
a alva em negra criptografia,
que seja em mim universo,
que me refaça dia a dia, poesia!

segunda-feira, julho 07, 2008

pedido antigo

- Escreve um poema para mim?

- Outro dia, quem sabe!

- Escreve vai, escreve com muitas voltas para eu me perder, escreve?!?

- Minha pequena,
acontece que eu não sei mais escrever como escrevia há pouco.
E isso eu digo para o seu conforto!

domingo, julho 06, 2008

Hoje eu quero...

Não quero te esperar com descuido, nem quero que me fales de nomes passados como quem se protege entre códigos antigos. Quero que faças de conta que tudo começou agora com os mesmos desalinhos de antes.
Não quero que desejes meu ontem tardio. Quero que diante de mim não tenhas tempos ilusórios: eu sou hoje e, embora me reconheças envelhecido, tenho motivos aos devios traçados em relevos.
Não quero que te desculpes por nada, nem que acredite que tenha comigo algum débito. O caminho segue sobre o luar: o espetáculo não pode parar!
Quero que entendas que as curvas vem e vão e dependem da velocidade da transição. Nada permanece, traços sobre a mão, unhas cortadas, fatos que não são, gestos sem razão, pulso e coração: planos vêm e vão!
Quero de teu corpo movimentos de amplitude, quero atitudes, quero proporção, quero dias e noites, quero tempo de temporais, mergulhos abissais, humanização!

quinta-feira, julho 03, 2008

mudança de plano

Eis o código:

quando a noite chegar
faremos sombras,
quando amanhecer
desenharemos sonhos!





ricardo aquino